Sobre a serenidade
As pessoas incitam a guerra e parecem ter prazer nisso. Preferem construir muros a pontes, apontam defeitos e julgam ao invés de ver o que há de bonito no objeto observado. Não pensam na sacralidade das coisas e nem como o outro as enxerga. As pessoas têm o dom de ver a vida somente pelo ângulo do seu olhar. Transgridem com base em interesses próprios. Esquecem dos demais e, por um minuto preferem fechar-se à sociedade e continuar insistindo em uma ideia apenas. As grandes instituições movem publicidade e até a dita "informação" de acordo com o que querem. Não é questão de ser imparcial, até porque a imparcialidade talvez seja uma preceito imaginário, no que tange ao mundo ilusório e inalcançável. É exatamente interpretar a vida com olhos de equilibrista. Olhos de carinho. Olhos demorados para enxergar por dentro. Mas não, o alcance da superficialidade é suficiente para tomar posse da verdade e ponto final.
Nas ruas, nas famílias, nos meios de comunicação, entre as religiões, entre amigos, e principalmente entre desconhecidos. Grupos desconhecidos. Esse é o problema. Não conhecem e emitem opinião ao vento. Há quem prefira olhar por cima do muro e interpretar sem de fato viver. Claro que existem coisas que eu não preciso experimentar para saber que me fazem mal, como é o caso das drogas e da criminalidade. E ainda aí, sempre há uma história sofrida e um viés que ninguém revelou por detrás das pessoas que estão nesse meio. A postura de invólucro doi, arde e machuca o mundo. Mas os que promovem a guerra velada parecem não perceber. E as coisas vão acontecendo tão rapidamente sem que ninguém enxergue o abismo formado entre os seres humanos. E será que Deus ama ter seu nome citado e discutido de forma tão arbitrária entre os que dizem seus filhos?
Ninguém é detentor da verdade absoluta. Porque ela não existe. Todos são detentores de suas verdades individuais, que não anulam a do outro. As verdade se complementam e constroem essa colcha de retalhos que é o mundo culturalmente vasto e diversificado. Quem acha que ser igual é legal se enganou. A beleza está na diferença. E conhecer outros territórios que não o seu é um avanço pessoal muito interessante. A visão se abre, o cérebro começa a pensar em 360°. Entende-se que cada um tem um caminho e o mais normal nisso tudo é a pessoa tentar se encontrar. E uma vez se achando, nada acrescenta julgar o que passou. Afinal, tudo que é pretérito já foi presente um dia. Fases de vida.
Não adianta. Eu vivo de portas e janelas abertas. Como aquele controle universal capaz de aceitar qualquer aparelho eletrodoméstico. Eu vivo de ser ponte. E prefiro ser ponte, conhecer pessoas e ouvir suas verdades. Quem sabe até mudar as minhas? Trocar conhecimento. Desbravar novas estradas. Experimentar novos sabores. Sair do meu mundinho e aprender o respeito e alteridade c-o-n-v-i-v-e-n-d-o. Dizem que conviver é uma arte. Pois então. Que Deus me permita ser uma artista da vida. Assim é mais sereno.
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