Vales de si mesmo
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Fechada, apresentava um desenho delicado e marcante. Era despretensiosa nesse olhar a si mesmo. Mas viu beleza ali. Olhar amêndoa e penetrante para dentro, querendo ver além do reflexo desnudo na toalha. O que lhe faltava? O que lhe sobrava? Pensou nas ausências e silêncios, nas lacunas que se formam com o tempo. Nas palavras que foram ditas e esquecidas; e que lhe ajudaram a moldar até ali. Era aquele estágio que chegara.
Não sabia qual, mas era. Estava alegre e triste, ainda que em estado de felicidade. Nada conseguiu responder para aquela que lhe retribuía as indagações vindas do espelho. Deixou as respostas de lado. Nem sempre (ou melhor, nunca) são a melhor opção. Fixou nas perguntas, mas com serenidade. Ficava imaginando quem também via aquele dorso como ela o via. Ou o delineado da boca. O conjunto completo. Viam. E também nem importava como.
Se fosse para o descobrirem um dia, descobririam.
Se fosse para o descobrirem um dia, descobririam.
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