Da noite da FLIP 2014
Gordinha de vestido vermelho dando um show de samba na praça. "Ela pirou de vez, tá pensando que eu sou seu cavalinho." Cantou o músico animado. Ela nem se importou. Copinho de cerveja na mão. Desceu e subiu do chão tal qual uma adolescente com as pernas flexíveis. Frio não sentia. De longe, um gringo a observava. O semblante era de quem não entendia porra nenhuma da letra, mas estava curtindo a algazarra em frente à Igreja Matriz. Inclusive, rente aos muros sagrados, enfileiradas se encontravam as barraquinhas de coqueteis. Jovens e velhos de todos os tipos e modelos saíam carregando copos coloridos de álcool. Um pouco atrás, que rapaz lindo aparentou de costas. "Olha aquele ali de barba e careca!" Virou. Realmente lindo! Mas jogava no nosso time. Com um decote cavado daquela regata, não rolava. Nessa hora a sambista oficial deu performance. Empolguei e dancei junto. O gringo voltou os olhos pra mim. Assustado ou admirado, não sei. Foi engraçado. Caímos na gargalhada. Mais pro meio da praça, um DJ fazia um som maneiro. Duas pessoas curtiam timidamente. Milhares tirando fotos. Outros com livros na mão tarde da noite. Moças e mais moças de óculos, cabelos encaracolados, botas de cano curto, meia preta, saia e bolsa de lado. Olhei a mim mesmo. Eita! Acho que sou da turma de gente estranha. Casas centenárias que custam milhões me cercam. Dentro de algumas, palestras, contação de histórias, exposições, mais música. Em outras, apenas o sono tranquilo dos que já se acostumaram. Muitos cachorrinhos abandonados, mas bem mais educados que idosos (as) granfinos que passam e esbarram nos outros. Olham de cara feia. Por cima. Pedantes e arrogantes intelectuais reinam aqui também. Ainda que nessa mistureba louca de Brasil com Egito. Alguns pensam precisar ter mais do que charme pra dançar bonito. Outros não tão nem aí. Igual a moça gordinha da primeira frase do texto. E nessa confusão sem fim, a literatura brota solta no peito da gente. Gente. Festa de gente. É isso.
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