O portão da garagem
O portão e as árvores |
O carro está parado no segundo subsolo do residencial Village de Pituba. Breu. Os olhos enxergam a luminosidade artificial. Os pensamentos acompanham a escuridão. Ainda não despertaram totalmente. Estão acordando, pouco a pouco. Liga-se o motor e o rádio. Um chiado denuncia: lá em baixo as ondas sonoras não chegam muito bem. O veículo faz a curva e sobe a primeira rampa.
Rosto iluminado pela luz do dia, que vai entrando pelas frestas do portão da garagem. Enquanto ele se abre ao toque do controle, o motorista observa o mesclar das barras de ferro com o balançar das árvores. É nesse momento que nasce a poesia da manhã. E a mente se abre, e as nuvens se dissipam, e se imagina o quanto é bom viver. E se agradece por mais um dia, e vai seguindo ao som dos versos e da rima. Logo se anima, e não se aninha. Decide fluir. Ir!
A luz entrando pela fresta do portão. O verde balanço das folhas. As gotas de sol que brilham a cena. Tudo leve como uma pena. A imagem recorda a natureza a desfilar à nossa visão. Praia, mar, cachoeira, floresta. Elementos regozijantes equilibram nossas forças vitais. Esse é o efeito que a cena - tão simples e cotidiana, pacata e urbana - causa em mim. É como uma balança divina. Amém!
O portão da garagem! Só Nathália Coelho, e raros outros, para ver poesia no feio da vida, no cotidiano, na simplicidade, no improvável... enfim, na vida. Bela crônica!
ResponderExcluir