A luz e as pedras

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Sabia o que queria, mas não entendia porque não conseguia agir. Faltava coragem de enfrentar as manhãs tão ensolaradas, bonitas e sugestivas às cores da vida. Persistia em passar dormindo, na escuridão de um quarto, no macio de um edredom. E dormia de forma profunda, mas sempre antenada à realidade. Sonhava misturando as pendências do dia, e se perdia pelas estradas do imaginar, quando na verdade queria mesmo trilhar caminhos que chegavam à mudança. Parecia ter perdido o fio da meada que conduz e transpassa essa dificuldade dos obstáculos. E pedia com fé (acreditava ela) para que isso fosse modificado. E todas as noites prometia a si mesmo. E todas as manhãs falhava consigo mesmo. E as tardes eram de muito trabalho. E as horas anteriores de puro ócio. Até quando ia ficar assim? Não sabia. Tinha transformado a si mesmo em uma pedra no caminho. E enxergou mais pedras descritas por Drummond. Só as pedras. Mesmo crendo piamente na luz, que forçava a entrada pela fresta da varanda, e ela não enxergava. Protelava. Protelava... 

Comentários

  1. É só elogiar o texto que a cronista/poetisa fica soltinha...
    Beijos

    PS: preciso dizer que te adoro? Ok, vou repetir então, eu lhe amo.

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