Do nada, lembrei de você



Nathália Coelho

Hoje pensei em nós dois e de como éramos apaixonados antigamente.  Há sete anos, não nos imaginávamos tão distantes na maturidade, ou melhor, no caminho para alcançá-la. Fiquei com saudade dos planos que traçamos e que, conquistamos, mas separados. Engraçado recordar o ‘nós’ quando hoje somos apenas dois. Você já é quase outro ‘nós’ e eu fico feliz por isso. Esse sentimento também foi o tempo que me ensinou a ter. Por vezes, a resignação traz transparência aos olhos marejados de vontade e ardor juvenil. Esse afã impede de ver além. Sem sofrer e com calmaria encaro a ideia de que lá na frente um precipício nos dividiria a estrada, como aconteceu...

Talvez a realidade seria outra, se não fôssemos tão sementinha a ponto de transformar as barreiras em muro ao invés de ponte. Não me leve a mal, nem queria pensar em você, e ainda pensar com tanta saudade. Juro! Até porque minha sintonia tenta andar de encontro a outro alguém. Mas foi inerente. Pensar em mim, na condição de vitórias que me encontro, alcançando cada graça sonhada ao seu lado, à época, é um tanto quanto nostálgico. Por um minuto fiquei tentando materializar uma relação entre nós.  Tornar adulto tem lá suas vantagens...

Mas Deus sabe de todas as coisas. E se nos concebeu na juventude para caminharmos a pé ou só com o passe estudantil do lado, não foi à toa. Tínhamos todos os sonhos nas mãos unidas e no coração. Os cadernos eram para o futuro. A mochila pesada revelava o esforço de vencer. E dividimos tudo aquilo. Hoje, a cadeira da escola é a cadeira do escritório e da redação. O banco do ônibus, o do motorista. O passe estudantil, a carteira de habilitação. Nossa carteirinha, a carteira de trabalho. O diploma virou superior. Passamos de ano como quem vive as etapas da vida.

Tudo isso mudou. Nós mudamos. Mas a essência permaneceu, essa sim, é imutável. Valores metafísicos. Meus olhos hoje são de respeito não só com o outro, mas com as minhas próprias convicções. E assim, o que nos afastou permanece. É... Era para ser assim. Afinal, nada que é material compra o que é intangível e compete apenas ao departamento dos sentimentos.

Anos depois, quis resgatar nossa amizade. Você se afastou. Tudo bem.  Ainda assim, fico feliz em ter notícias suas. Saber que você cresceu. De verdade! Aquele tempo nos fez muito bem. Olha só, para nós! Eu me alegro por ter tido meu caminho perpendicular ao seu. Afinal, tudo é processo de aprendizagem. Espero que compartilhe a mesma sensação. E que tenhamos ainda, daqui para frente, mais estradas para cruzar, plantar frutos bons com outras pessoas! Enfim, sem querer, pensei em você. Mesmo que só por um instante.  

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