Sadomasoquismo e sociedade

Cinquenta tons de cinza e as práticas sadomasoquistas

A onda do 50 tons de cinza me levou à curiosidade de assistir a um vídeo sadomasoquista de verdade. Uma mulher nua amarrada de cabeça para baixo, com pregos nos mamilos, braços e pernas com algemas, recebendo choques, chicotadas, introdução de ferros. A mais perfeita degradação. Meu coração doeu. Doeu em conhecer a submissão sexual humana às práticas tão contrárias à lei do amor. Contrárias porque não entra na minha cabeça uma política em que um domina e o outro se submete, em que a flagelação é entendida como um ato compreensível entre duas pessoas. 

Fiquei estarrecida em imaginar os extremos capazes de chegar o homem e a mulher em busca do prazer desmedido. Parei e pensei na vida. Qual é o real sentido dessa estrada? Talvez o sadomasoquismo reflita um pouco da sociedade em que vivemos. Tão ávida e completamente cega em contemplar buracos existenciais e tão necessitada de escalá-los, sem se dar conta que pulou. 

Fico imaginando qual é a compreensão de liberdade do ser humano pós moderno, que faz questão de ser prisioneiro de tantas práticas sem perceber. É o cárcere do consumismo. É o cárcere da pegação. É o cárcere da superficialidade. É o cárcere da procura desenfreada pelo poder. É o cárcere do dinheiro e do status. É o cárcere do exibicionismo. É o cárcere do corpo perfeito. É o cárcere das drogas (lícitas e ilícitas). Todo mundo vai caindo e curtindo o livre arbítrio por detrás das cadeias invisíveis da vida. 

No fim, quando a desconstrução do "ser inteiro" já é tamanha, procura-se voltar à Deus, nem sempre para querer estar perto, mas para acusá-lo dos problemas. Aí o vazio é tão latente e sufocante, que a depressão invade o peito, as mazelas psicológicas tomam de conta. Compreender que está cheio de prisões nem sempre é um processo fácil... Sair então... 

Longe de mim pregar aqui meus preceitos cristãos católicos ou certos valores que aprendi com meus pais. A minha intenção não é converter ninguém à minha religião, ou o modo de vida que eu decidi pra mim. Afinal, toda e qualquer mudança ocorre de dentro pra fora e é um processo extremamente individual. Absolutamente nada na vida é engolido por goela à baixo. Tudo é questão de ser... 

Por isso, ainda que eu saiba que neste mundo existe gosto pra tudo, eu me preocupo é com a integridade humana, com o amor genuíno e verdadeiro. Eu me preocupo é com esse caminho, cheio de pessoas quebradas, com profundas feridas escondidas, com a baixa auto estima, em constante deserto. Pessoas essas que, lá no fim, também só querem amar... 

Eu me preocupo é com o futuro da humanidade. 
(...)

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