Tardes de domingo

Taguatinga, tarde de domingo.
Sob a sombra de um frondoso pé de graviola, o pequeno Guilherme, 1 ano, brinca de recolher as sementes das frutas que caíram no chão. Pega carocinho por carocinho e os coloca dentro da pá. Em seguida, se diverte com os gravetos batendo-os na calçada, dança e inventa músicas. Para. E pede colo para observar de perto o passarinho no fio do poste, na casa do vizinho ao lado, cantando seu piar sincero. Depois olha para o céu e procura a "Lulu", a lua, que já aponta no horizonte com o entardecer. Ele esqueceu o tablet e os celulares que tanto ama naquela tarde. Trocou-os pela simplicidade da natureza.

Formosa, tarde de domingo.
Julinha, 2 anos, está afoita correndo de um lado para outro, no terreiro limpo e capinado. Os pezinhos sentem a terra. As mãozinhas também estão sujas, porque, segundo ela, "está fazendo sal da terra para cozinhar." Daí, enche o vestido com pedrinhas de todos os tamanhos. E as coloca nos buraquinhos do muro, perto das plantinhas e debaixo do pé de goiaba. Seu cachorrinho, o Kiabbo, a observa e acompanha o movimento. De repente, Julinha abraça com força o cãozinho e diz "que está fazendo massagem nele." Sobe então sobre a tampa do poço artesiano. E nem adianta alertar para tomar cuidado! Ela já está dançando e cantando: "Eu sou um cisne, eu sou um cisne!" Foi assim até o sol esfriar e a noite apontar. Ela esqueceu a televisão que tanto ama. Trocou-os pelos brinquedos naturais da mãe terra.

Guilherme e Julinha são filhos da geração das tecnologias e amam brincar com elas, mas também sem o uso delas.

(...)

Coração de esperança.
E os olhos de lágrimas.

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