Do prefixo "a" (...)


É como se eu tivesse me instalado no prefixo 'A'. 
O 'A' da negação, do afastamento. 
Sinto-me imersa numa bolha de neutralidade absurda em sentimentos amorosos. 
E quando o coração fica assim, nada de tranquilidade do ser. 
Pelo contrário. 
Estar a-sentimentada te faz vazia. 
Dias sem novidade, abraços sem calor, nada de beijos escondidos. 
Nem pelo sim, nem pelo não. 
Um cotidiano normal e muito cheio de pudor. 
A vida desce seca e insossa, sem tempero. 
As músicas são somente músicas. 
As letras em melodia não invadem as recordações que ficaram quietas e empoeiradas no canto de um coração quase sem mobília. 
E não tem rastros da expectativa de um novo romance, nem de sofrimento de um término recente. 
Não tem exageros, nem para quem mandar indiretas. 
Sem declarações. Sem maldições. 
Departamento em contínua manutenção. 
E o coração está livre do amor e de seus reveses, embora esteja terreno arado, pronto para o preparo. 
Mas não tem quem plante... 
E eu que pensei que sofrer de amor era ruim. 
Não ter o que sentir também é.

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